14 de setembro de 2016

Noite no Parque

Sentei em uma cadeira distante de você.
Meus sonhos pareciam tristes demais para compartilhar.
Você não me viu.
Usava um agasalho vermelho, que combinava com seu tênis surrado de passeio.
Tinha andado bastante para chegar ali.
Respirava calmamente, corrigindo os pulmões cansados.
Me senti infantil, ao me apaixonar por você de costas.
Seu agasalho vermelho dançava o ritmo dos ventos.
Você sorria, chutando areia do parquinho daquela praça.
O sol reluzia fraco entre as folhas das árvores.
Eu me mantinha inquieto. Desesperançoso.
Contava nos dedos as possibilidades.
Havia sonhado sobre uma viagem longa com você.
Sutil. Beirando a infância. Singelo. Respeitoso. E acima de tudo afetuoso.
Você estava conversando com sua música favorita. Cantarolava baixinho, associando-a com assovios longos.
A natureza conspirava a favor de sua beleza.
Seus lindos cabelos castanhos, mais pareciam tronco de árvore.
E seu sorriso límpido e inocente, transpassava a paz que sempre busquei em vida.
Você era minha. Por quê parecia mútuo.
Você tropeçou em algo.
Corri para socorrê-la. Você ficou sem graça. Explicando o que aconteceu.
E depois de muito tempo. Ainda agradeço seus cadarços desamarrados.

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